segunda-feira, 24 de maio de 2010

Rumo da TV aberta está indefinido, por Hélio Vargas

    A TV aberta vem perdendo audiência tanto para as emissoras a cabo quanto para outros aparelhos como o DVD, a internet ou o videogame. Vale lembrar que a TV a cabo é ainda inacessível à maior parte da população brasileira por causa do preço e das limitações técnicas das operadoras, que não conseguiram um nível de penetração compatível com o tamanho do País.
    Uma pesquisa recente mostrou que, antes da implantação da TV digital, mais de 60% dos assinantes de TV a cabo faziam as assinaturas basicamente para obter um sinal melhor das redes abertas.
    A Rede Globo detém cerca de 40% do share de audiência e entre 70% a 80% da verba publicitária, o que permite a ela, mesmo num cenário relativamente ameaçador, manter a qualidade das suas produções, experimentar formatos novos e formar constantemente profissionais qualificados dentro do alto padrão de qualidade da emissora.
    Entre as concorrentes, há emissoras com pequeno, médio e grande potencial de investimento em conteúdo e tecnologia. Ao contrário da forma como trabalham hoje, atuando apenas em cima de resultados pontuais de audiência, da semana e do mês, as emissoras de maior recurso poderiam e deveriam desenvolver estratégias de médio e longo prazo. Isso, mais uma vez, requer investimento em profissionais qualificados, em pesquisas e um olhar apurado para identificar os melhores espaços de crescimento e assim chegar a um nível de fidelização de audiência como o da emissora líder no País.
      A tendência num futuro próximo é que, com a expansão rápida das novas mídias, tendo o consumidor de TV mais opções, a segmentação de gêneros na programação da TV seja cada vez maior. Para as redes abertas, o grande desafio será o de manter a fidelização das suas audiências enquanto os anunciantes terão custos melhores e mais opções para distribuir as suas verbas. Com a diversificação, um bom profissional de mídia poderá, com muito menos investimento, conseguir os mesmos resultados de visibilidade e penetração para os seus clientes.
     Nesse cenário, as redes abertas de TV precisarão ter mais agilidade e diversificação dos seus produtos, por exemplo, experimentando novelas (um produto vitorioso) com menos capítulos ou programas com temporadas mais curtas, além de uma mudança radical nos formatos de telejornalismo para competir de alguma forma com a internet.
     Embora o consumo médio de minutos de televisão tenha sofrido poucas alterações nos últimos três anos, é possível observar pelo perfil das audiências que esse padrão vai se alterar rapidamente. Muito provavelmente, o telespectador deixará de ser um observador, alguém que assiste a um espetáculo, e passará a ser um teleinterlocutor, alguém que dialoga com o espetáculo. E essa mudança de comportamento vai determinar os novos caminhos que a TV aberta terá que seguir. As redes deverão tomar decisões importantes sobre a distribuição dos seus conteúdos na TV portátil, no celular, em monitores instalados em ônibus, metrô e locais públicos.
     O consumidor do futuro acompanhará os capítulos da sua novela pelo celular? Esse consumidor quer informação via TV? Quer entretenimento? Quer um cardápio personalizado? Está disposto a pagar por isso? Esta é uma discussão que acontece hoje nas redes de televisão preocupadas em aprender a conviver com as novas plataformas de maneira eficiente e lucrativa.

Por Hélio Vargas - Diretor geral de programação e artístico da Rede Bandeirantes
Fonte: Propmark

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