domingo, 24 de abril de 2011

Dá-se um jeito!



Depois de um longo feriadão um tantinho agradável, a pior parte é o retorno pra casa. Depois de 1h na fila do guichê de passagens na rodoviária (é, rodoviária, a blogueira AINDA não ficou rica com o blog!), vi uma indivídua se aproximando sorrateiramente e fazendo um pedido muito do cara de pau. Com um sorriso amarelo, ela pediu ao rapaz que estava sendo atendido para comprar quatro passagens. 

A sabidinha não queria pegar a gigantesca fila (que eu já tinha pego) e resolveu simplesmente dar o famoso jeitinho brasileiro. Como já tinha rolado estresse com outro filão, resolvi ficar na minha e não questionar. Deixei a sabidinha, afinal, mais errada que ela que pediu foi o cara que fez o favor pra ela.

Para minha surpresa, as passagens que ela havia comprado eram justamente as últimas que haviam para seguir viagem sentado. Logo, tive que comprar para ir confortavelmente ...em pé! Não tive escolha... Feriadão acabando, passagens valendo um rim. A gente faz de tudo pra chegar em casa a tempo de descansar para a segunda-feira de trabalho.

Lá vou eu com minha triste sina, em pé, terminando de estragar minha coluna e me arriscando a quebrar os dentes com uma freada brusca do ônibus.

Ahh...mas ainda existem pessoas boas no mundo (tá, nem tantas assim, pouquíssimas, na verdade).

Para minha surpresa, duas pessoas ofereceram uma pontinha de suas poltronas para que eu me acomodasse. Sentiram pena da pobre coitada aqui e foram solidárias. Uma moça tagarela e um rapaz sorridente. Acabei sentando em uma minúscula pontinha de poltrona, entre vários rapazes guris, que mesmo com cara de pagodeiros tarados, foram muito gentis. E eu nem podia reclamar, não é? Melhor que ficar em pé. Ah, escolhi o rapaz porque o espaço oferecido era maior, que fique bem claro isso...rs

Seria trágico (mais?) se não fosse cômico, mas a moça filona estava sentada em uma poltrona bem próxima da que eu me acomodei. Não vou mentir, mas a vontade que deu foi arrancá-la a força e declarar para todos o quanto ela foi sacana. Humilhar mesmo. O quê? Ficou assustado? Ah, um ser humano com raiva é capaz de muita coisa. Ela ali, confortavelmente sentada, tirando um cochilinho, enquanto eu dependia da caridade alheia. Sinceramente, meu instinto macabro desejou que ela se estabacasse no chão naquela hora em que furou a fila no guichê.

Mas... quer saber? Minha vingança será maligna. Não, não persegui a moça pra descobrir seu endereço e mandar uma carta bomba. Eu simplesmente desejei que alguém como ela tivesse a mesma atitude sacana que ela teve. Desejei que alguém fizesse a mesma coisa que ela fez, mas que ela não tivesse a mesma sorte de encontrar pessoas gentis que sacrificaram uma parte do seu conforto para não ver outra pessoa em situação desagradável.

Nos dias de hoje, o jeitinho brasileiro está presente em todos os cantos e nos acostumamos com ele, praticando a mesma arte.

Essa semana, um rapaz foi exaltado pela mídia por ter devolvido uma enorme quantia em dinheiro para um senhor que a havia esquecido no ônibus que o rapaz dirigia. O rapaz, mesmo tendo perdido tudo no desastre da região serrana e morando de favor na casa de parentes, não exitou e devolveu ao dono o dinheiro achado. Só se fala nisso. Um ato heróico e fantástico, como se ser honesto fosse tão raro hoje em dia que, quando acontece algo desse tipo, a pessoa merece ser santificado pelo Papa. 

 (Utópico, mas é possível!)

É, meus amigos, ser honesto é artigo de luxo, coisa muito rara, quase um celacanto. Mas a gente ainda acha.. mesmo perdido em algum lugar desse país.

Quanto a moça filona... o que é dela tá guardado.... uhauahuahauhuah

Um comentário:

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Críticas são bem-vindas, mas educação e bom senso também.

Obrigada.